Ando um pouco preocupado. Recebi
a tarefa de fazer sexo com arroz. Embora vocês não tenham noção, é muito
difícil. Embora eu nunca tenha feito, sei que fazer sexo com feijão é bem mais
fácil! O maracujá foi a planta que eu tive menos dificuldade: basta enfiar o os
cinco dedos no fundo da flor aberta e rodar. Tem que ser feito depois do
almoço. Ou seja, no período da tarde. Para o mamão a técnica é mais
sofisticada: Escolhe-se um botão floral de uma planta feminina, já desenvolvida
e com cuidado abrir suas pétalas, manualmente. Depois introduzir uma flor retirada
de uma planta hermafrodita. Deve-se cobrir a flor com um saco de pipoca para
que ocorra a polinização sem contaminação de outros polens. Já polinizei
artificialmente outras plantas, como fruta-do-conde.
O arroz costuma usar a
autopolinização para se reproduzir, ou seja faz sexo com ele mesmo. Por isso fazer
sexo com arroz é complicado: Primeiro devo deixar sair dois terços da panícula
(cacho). Cortar um terço fora. Com auxílio de uma lupa e uma pinça retirar toda
a parte masculina (estames) de cada uma das espiguetas (grão). Fazer isso em
todo o terço do meio (exposto). Retirar a folha que cobre o restante da
panícula e retirar todas as espiguetas imaturas. Esfregar uma panícula da outra
variedade ou linhagem que se quer cruzar, nas espiguetas castradas e,
finalmente cobrir com um saco plástico para evitar contaminação.
Coletar a produção e colocar para
germinar. Depois da planta crescer, separar as plantas originárias do
cruzamento, das plantas auto polinizadas. Para isso se usa “marcadores
morfológicos”. São características em que na planta “pai” é dominante e na
planta “mãe” é recessiva. Elimina-se as plantas auto-polinizadas e, assim, se
obtém apenas plantas que surgiram do cruzamento. Após a colheita, basta
semeá-la durante várias gerações até se obter uma nova variedade. Existem
vários esquemas para fazer isso. Dependendo da melhoria que se quer dar ao
arroz.
Escrever é fácil, entender é um
pouco mais difícil, mas o pior é ter que fazer. Se tiver que fazer mesmo será
minha prova de fogo como geneticista-melhorista.
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