quinta-feira, 15 de março de 2012

SEXO COM PLANTAS.

Ando um pouco preocupado. Recebi a tarefa de fazer sexo com arroz. Embora vocês não tenham noção, é muito difícil. Embora eu nunca tenha feito, sei que fazer sexo com feijão é bem mais fácil! O maracujá foi a planta que eu tive menos dificuldade: basta enfiar o os cinco dedos no fundo da flor aberta e rodar. Tem que ser feito depois do almoço. Ou seja, no período da tarde. Para o mamão a técnica é mais sofisticada: Escolhe-se um botão floral de uma planta feminina, já desenvolvida e com cuidado abrir suas pétalas, manualmente. Depois introduzir uma flor retirada de uma planta hermafrodita. Deve-se cobrir a flor com um saco de pipoca para que ocorra a polinização sem contaminação de outros polens. Já polinizei artificialmente outras plantas, como fruta-do-conde.
O arroz costuma usar a autopolinização para se reproduzir, ou seja faz sexo com ele mesmo. Por isso fazer sexo com arroz é complicado: Primeiro devo deixar sair dois terços da panícula (cacho). Cortar um terço fora. Com auxílio de uma lupa e uma pinça retirar toda a parte masculina (estames) de cada uma das espiguetas (grão). Fazer isso em todo o terço do meio (exposto). Retirar a folha que cobre o restante da panícula e retirar todas as espiguetas imaturas. Esfregar uma panícula da outra variedade ou linhagem que se quer cruzar, nas espiguetas castradas e, finalmente cobrir com um saco plástico para evitar contaminação.
Coletar a produção e colocar para germinar. Depois da planta crescer, separar as plantas originárias do cruzamento, das plantas auto polinizadas. Para isso se usa “marcadores morfológicos”. São características em que na planta “pai” é dominante e na planta “mãe” é recessiva. Elimina-se as plantas auto-polinizadas e, assim, se obtém apenas plantas que surgiram do cruzamento. Após a colheita, basta semeá-la durante várias gerações até se obter uma nova variedade. Existem vários esquemas para fazer isso. Dependendo da melhoria que se quer dar ao arroz.
Escrever é fácil, entender é um pouco mais difícil, mas o pior é ter que fazer. Se tiver que fazer mesmo será minha prova de fogo como geneticista-melhorista.

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