quarta-feira, 7 de março de 2012

ASSOCIATIVISMO EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS


Os leitores deste blog são cidadãos urbanos, porém acredito que seria interessante que passem a conhecer como funciona a pequena produção rural neste país e o que deve ser feito para garantir o abastecimento e a sustentabilidade.
O produtor familiar que tem pouca terra e não possui recursos para usar técnicas modernas. Às vezes sente a necessidade de desmatar boa parte da propriedade para plantar aquilo que se come e cuidar da criação para ter o leite para os filhos e netos! Com a nova legislação do uso da terra o pequeno produtor terá que se adaptar. Ele pouco pode fazer sozinho, sem ajuda do governo. Por reste motivo recebe credito subsidiado (PRONAF).  
O plano nacional de microbacias, no Rio de Janeiro representado pelo Rio Rural tem feito algumas recomendações, algumas das quais cito aqui nesta postagem:
A primeira coisa a fazer é todas as pessoas que utilizam o mesmo córrego se conhecerem melhor. A comunidade precisa saber o que realmente precisa, antes de reivindicar alguma melhoria junto às autoridades. Primeiro é necessário conhecer quais são suas necessidades, tentar resolvê-las dentro das propriedades ou em conjunto com a comunidade, para depois fazer reivindicações junto aos órgãos do governo. Tecnicamente seria mais correto o Poder Público aplicar os recursos naquilo que a comunidade realmente necessita. Não tem sentido dar roupa a quem tem fome ou dar comida a quem está nu. Porém do ponto de vista do político, “o correto” é fazer o que a comunidade quer. E para poder pedir exatamente o que se necessita, é preciso se conhecer bem.
Para a comunidade que compartilham o mesmo córrego se conhecer bem é necessário se organizar, através de uma associação ou uma cooperativa.

É comum ouvirmos das pessoas da cidade que o produtor familiar não se planta nada: “eles não plantam nem para comer!”, nos dizem.  Na verdade a atividade agropecuária nas propriedades familiares em microbacias é bastante diversificada. Os plantios de hortaliças, da mandioca, do feijão e do milho, e de criações de gado, porco e aves domésticas são muito importantes nestas comunidades. Apesar alguns destes produtos não serem usados para venda, é consumido pelo produtor, que deixa de comprar e melhora a alimentação de sua família. De qualquer forma a grande maioria dos alimentos consumidos na mesa dos brasileiros vem da produção familiar. Os médios e grandes produtores costumam prodizir para exportação.

  Existem iniciativas de algumas pessoas da comunidade de plantar hortaliças e pequenos animais, para serem comercializados.
Muitos produtores utilizam o sistema de “consócio”. Onde diversas culturas convivem no mesmo espaço, racionalizando o espaço na propriedade. Normalmente sua lavoura não é mecanizada, a adubação é feita de forma precária, e, embora próximo a um córrego, usam pouco os recursos da irrigação.
Apesar das iniciativas de algumas pessoas da comunidade de plantar hortaliças, como tomate, jiló, pepino, pimentão e inhame, milho verde, além de frangos e ovos caipiras, para serem comercializados, estes produtos são vendidos para atravessadores ou no comércio local, obtendo baixa rentabilidade pelo seu trabalho.
Uma associação de produtores tem facilidade de conseguir junto à EMATER-RIO ou à prefeitura local, uma patrulha mecanizada (ou pelo menos um trator) para preparar a terra e plantar nas áreas dos associados, muitas vezes a custa apenas do óleo diesel. 

          A associação também pode, em nome da comunidade, buscar linhas de créditos especiais no Banco do Brasil como, por exemplo, o Pronaf.

             Outra atribuição das associações de produtores é na hora da comercialização. Quando feita em conjunto, pode ser vendido por “atacado”, obtendo-se um a remuneração muito melhor pelo produto.

        A associação também pode resolver pendengas como o local de construção de barragens de modo que não prejudique o meio ambiente e beneficie todos os associados. Além do mais, pode organizar o plantio das matas ciliares e nas nascentes. Pode conseguir várias espécies de mudas de essências florestais e insumos junto a órgãos governamentais em não governamentais, etc. Nos escritórios da EMATER-RIO, ou no órgão de extensão rural do seu estado (CATI, em São Paulo, por exemplo) pode-se obter informações como organizar uma associação de produtores: Como registrar, como elaborar estatutos e dicas para que o máximo de associados participe. Um exemplo é a criação das “comissões” (comissão de finança, comissão de comercialização, comissão de irrigação, etc.), de modo que o máximo de associados participe, sem sobrecarregar a diretoria.

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