Os leitores deste blog são cidadãos urbanos, porém acredito que seria
interessante que passem a conhecer como funciona a pequena produção rural neste
país e o que deve ser feito para garantir o abastecimento e a sustentabilidade.
O produtor familiar que tem pouca terra e não possui recursos para usar
técnicas modernas. Às vezes sente a
necessidade de desmatar boa parte da propriedade para plantar aquilo que se
come e cuidar da criação para ter o leite para os filhos e netos! Com a nova
legislação do uso da terra o pequeno produtor terá que se adaptar. Ele pouco
pode fazer sozinho, sem ajuda do governo. Por reste motivo recebe credito
subsidiado (PRONAF).
O plano nacional de microbacias, no
Rio de Janeiro representado pelo Rio Rural tem feito algumas recomendações,
algumas das quais cito aqui nesta postagem:
A primeira coisa a fazer é todas as
pessoas que utilizam o mesmo córrego se conhecerem melhor. A comunidade precisa
saber o que realmente precisa, antes de reivindicar alguma melhoria junto às
autoridades. Primeiro é necessário conhecer quais são suas necessidades, tentar
resolvê-las dentro das propriedades ou em conjunto com a comunidade, para
depois fazer reivindicações junto aos órgãos do governo. Tecnicamente seria
mais correto o Poder Público aplicar os recursos naquilo que a comunidade
realmente necessita. Não tem sentido dar roupa a quem tem fome ou dar comida a quem
está nu. Porém do ponto de vista do político, “o correto” é fazer o que a
comunidade quer. E para poder pedir exatamente o que se necessita, é preciso se
conhecer bem.
Para
a comunidade que compartilham o mesmo córrego se conhecer bem é necessário se
organizar, através de uma associação
ou uma cooperativa.
É comum ouvirmos das pessoas da
cidade que o produtor familiar não se planta nada: “eles não plantam nem para
comer!”, nos dizem. Na verdade a
atividade agropecuária nas propriedades familiares em microbacias é bastante
diversificada. Os plantios de hortaliças, da mandioca, do feijão e do milho, e de
criações de gado, porco e aves domésticas são muito importantes nestas
comunidades. Apesar alguns destes produtos não serem usados para venda, é
consumido pelo produtor, que deixa de comprar e melhora a alimentação de sua
família. De qualquer forma a grande maioria dos alimentos consumidos na mesa
dos brasileiros vem da produção familiar. Os médios e grandes produtores
costumam prodizir para exportação.
Existem
iniciativas de algumas pessoas da comunidade de plantar hortaliças e pequenos
animais, para serem comercializados.
Muitos produtores utilizam o sistema
de “consócio”. Onde diversas culturas convivem no mesmo espaço, racionalizando
o espaço na propriedade. Normalmente sua lavoura não é mecanizada, a adubação é
feita de forma precária, e, embora próximo a um córrego, usam pouco os recursos
da irrigação.
Apesar das iniciativas de algumas
pessoas da comunidade de plantar hortaliças, como tomate, jiló, pepino,
pimentão e inhame, milho verde, além de frangos e ovos caipiras, para serem comercializados,
estes produtos são vendidos para atravessadores ou no comércio local, obtendo
baixa rentabilidade pelo seu trabalho.
Uma associação de produtores tem
facilidade de conseguir junto à EMATER-RIO ou à prefeitura local, uma patrulha
mecanizada (ou pelo menos um trator) para preparar a terra e plantar nas áreas
dos associados, muitas vezes a custa apenas do óleo diesel.
A
associação também pode, em nome da comunidade, buscar linhas de créditos
especiais no Banco do Brasil como, por exemplo, o Pronaf.
Outra atribuição das
associações de produtores é na hora da comercialização. Quando feita em
conjunto, pode ser vendido por “atacado”, obtendo-se um a remuneração muito
melhor pelo produto.
A associação também pode resolver
pendengas como o local de construção de barragens de modo que não prejudique o
meio ambiente e beneficie todos os associados. Além do mais, pode organizar o
plantio das matas ciliares e nas nascentes. Pode conseguir várias espécies de
mudas de essências florestais e insumos junto a órgãos governamentais em não
governamentais, etc. Nos escritórios da EMATER-RIO, ou no órgão de extensão rural do seu estado (CATI, em São Paulo, por exemplo) pode-se obter informações como organizar uma associação de produtores: Como registrar, como elaborar estatutos e dicas para que o máximo de associados participe. Um exemplo é a criação das “comissões” (comissão de finança, comissão de comercialização, comissão de irrigação, etc.), de modo que o máximo de associados participe, sem sobrecarregar a diretoria.
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