terça-feira, 23 de julho de 2013

A ORQUÍDEA AMBIDESTRA


Sempre me achei ambidestro. Nunca fui bom de bola, mas sempre joguei com as duas pernas. Nas peladas sempre fazia gols de canhota! Como e escrevo com a direita, mas algumas coisas eu só faço com a mão esquerda. Como abrir garrafas, por exemplo. Só estalo os dedos com a mão esquerda. Pisco com os dois olhos. Todo mundo faz. Mas eu pisco um de cada vez, bem rápido! É bom para fazer amizade com crianças!

                Sempre oscilei pelo lado emocional-artístico, controlado pelo lado direito do cérebro e o lado racional-científico, controlado pelo lado esquerdo. Costumo escrever. Poesias, crônicas, contos... Chego até a agradar a “galera” com algumas postagens, mas parece ser caso raro. Alguns parentes e amigos chegam a ler meu blog mais como obrigação do que por prazer. Por vezes me esquecem. Como pesquisador científico, eu ainda não consegui deixar minha marca: uma nova praga de maracujá? Uma fórmula orgânica para curar uma praga importante de goiabeira. Participar da equipe que desenvolveu o primeiro híbrido de mamão tipo “formosa” brasileiro? E depois descobrir ele tem produção muito precoce? Talvez o mamão sem sementes que escorregou de meus dedos e nunca veio a se realizar? Ah! Se eu conseguisse clonar este mamoeiro!...
                Será que o destino de um ambidestro é ser um trapalhão? Não sabe se vai para a direita ou se vai para a esquerda? Existem provas científicas que isso não é verdadeiro: Leonardo da Vinci era ambidestro e foi um gênio na arte e na ciência.
                Li, recentemente, em uma revista popular-científica (Scientific American), que segundo alguns psicólogos infantis haviam crianças “dente-de-leão” e crianças “orquídeas”. A criança dente-de-leão é aquela que pode sentir todos os traumas e maus tratos na infância e terá uma vida adulta honesta e equilibrada. A criança orquídea é aquela que tem um altíssimo potencial, mas se não for tratado bem na infância pode se deteriorar e perecer. Acho que fui uma criança orquídea, não sofri maus tratos, porém também não recebi grandes incentivos. Hoje sou um cara mais ou menos, nem sou um idiota, nem sou um “da Vinci”. Apenas eu.