A moral e os bons costumes aparecem por
alguma questão prática, mesmo que depois não se saiba para que foram
inventadas. O mais hediondo dos crimes ou pecado é tirar a vida de um
semelhante. Como vivemos em sociedade, precisamos confiar nos outros. Hoje
matar um animal silvestre ou mesmo derrubar uma árvore constitui crime. Porém é
permitido sacrificar animais domésticos para nossa alimentação. Os vegetais utilizados
para este fim também podem ser colhidos. Quando comemos um prato de arroz com
feijão, milhares de vidas são sacrificadas, pois cada grão possui um embrião
que poderia se transformar em uma nova planta. Deus nos fez predador! A
natureza fez de nós heterotróficos.
Seria possível viver sem matar? Vamos tentar
desenvolver uma dieta em que ninguém nem nada morra. As arvores frutíferas desenvolveram
seus frutos carnosos justamente para alimentar os animais. Os bichos, como forma
de pagamento, deverão levar a semente da fruta bem longe da planta mãe para que
a espécie possa ser disseminada. Isto é uma relação simbiótica. Mas a polpa das
frutas fornece apenas vitaminas, sais minerais e carboidratos. Precisamos de
lipídios e proteína, presentes na carne e nas sementes. O abacate possui muita
gordura e a polpa farinhenta do jatobá possui, além de açúcar, alguma proteína.
Porém não o suficiente para atender a demanda do organismo. Que tal solucionar
com ovos não galados? Embora estejam vivos, nunca vão se transformar em pinto,
frangos, e muito menos em galinha. O ovo não galado é uma célula haplóide e não
um ser vivo, diria um sofista!
Em um mundo em que bilhões de pessoas passam
fome é impossível prescrever uma dieta desta. Não haveria produção suficiente,
nem vontade política para produzir. Por enquanto continuaremos matando alguns
bichinhos e plantinhas para continuarmos vivendo. Mesmo porque nós mesmos ainda
somos mortos pela própria natureza para que nossos filhos e netos possam
sobreviver.
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