Não estou parafraseando o brado supostamente proferido
pelo príncipe regente de Portugal quando se decidiu pela independência do
Brasil. Trata-se de uma citação do livro “O caminho da Esperança”, de Edgar Morin e Stéphane Hesselv (conforme o Blog “Tijolaço”,
de Brizola Neto).
O certo é que se o sistema capitalista quiser tem uma sobrevida, terá
que mudar seus paradigmas. Como sabemos o valor real de uma mercadoria é o
trabalho social necessário para produzi-lo. O valor de uma mesa, por exemplo, é
o somatório do trabalho necessário no corte e limpeza da arvore, na
transformação da tora em tábuas, no transporte das tábuas e no processo de
fabricação do móvel na marcenaria. A quantidade de dinheiro equivalente ao
valor pode ser assim distribuída: remuneração dos trabalhadores envolvidos em
toda cadeia produtiva; lucro das empresas envolvidas, impostos pagos,
transferência de lucro para o comerciante vender a mercadoria e... juros
bancários. A indústria recorre freqüentemente a financiamento para adquirir
máquinas, instalações e matéria prima.
Quem precisa de uma máquina não vai guardar dinheiro no colchão até
conseguir o suficiente para adquiri-la, vai financiá-la. E quem tem dinheiro
sobrando vai aplicá-lo nos bancos para render.
Tudo seria bem ajustado ao longo do tempo se não houvesse uma tendência
de cada vez mais o capital produtivo não se tornasse dependente do capital
financeiro, de modo que cada vez maior parcela dos lucros do capital produtivo
vai sendo drenada para o capital financeiro. Como os bancos não produzem
mercadorias, as fábricas se vêm obrigadas a remunerar cada vez menos seus
empregados ou investir em tecnologia para substituí-los, causando desemprego.
Porém mesmo assim ocorrem períodos em que as empresas que produzem
mercadorias, não conseguem vendê-las, obrigando-as a comercializar por preços
bem abaixo de seu valor real, causando enorme prejuízo, levando à falência
parte delas. Toda vez que isso ocorre o sistema capitalista passa por uma
espécie de metamorfose, mudando alguns de seus paradigmas. Nas décadas de 70 e 80
a tática era transferir a crise para os países do terceiro mundo. Nos últimos
tempos os governos têm sido obrigados a intervir, contraindo enormes
empréstimos a juros exorbitantes. Em troca os bancos centrais vendem “bônus do
tesouro” de seus países, empurrando a dívida com a barriga. Hoje em dia a
maioria dos governos do primeiro mundo, inclusive dos EUA, possuem dívidas
impagáveis. Isto obriga estes países a uma política de austeridade financeira,
semelhante ao que se fazia no Brasil no final do século passado.
Não tenham dúvidas que estamos perto de um “golpe”, que reformará todo
sistema capitalista. Que tipo de metamorfose os donos do mundo, ou seja, o
sistema financeiro internacional está planejando para a economia global? Se não
houver um coelho debaixo da cartola todo sistema entrará em colapso, aí tudo
pode acontecer: desde o “fim do mundo” à criação de uma sociedade solidária.
Peço aos economistas que me perdoem as diversas falhas que minha postagem venha a cometer. Devo lembrar que não sou economista. Apenas tento entender o mundo!
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