- I -
Numa plantinha singela,
Cheio de mato ao redor,
Nasceu uma flor amarela,
Linda como ela só!
Vivia triste e calada,
Pensando na sua sorte.
Não vivia a vida, nem nada,
Nem tinha medo da morte.
Queria ser uma rosa
Para enfeitar algum jardim.
Sonhava, horas, chorosa,
Em conhecer um jasmim.
Olhava o mato em volta,
Fechava os seus olhinhos.
Ao mundo sentia revolta
Da falta de seus carinhos
O Som queimava-lhe a face,
O pó lhe fazia ferida.
Por mais que ela sonhasse
Não melhorava sua vida!
- II –
Na lua morava trinstonho,
Um belo raio de luar.
Só possuía um sonho:
Um dia poder amar!
Era muito pequenino
Aquele luar cintilante.
Metade era menino,
Metade era brilhante!
Vivia triste e sozinho,
Não tinha com quem brincar.
Ao menos um raiozinho
Com quem pudesse falar.
Numa cratera, sentado,
Naquele grande queijo,
Ficou muito tempo parado,
Pensando apenas em beijos!
Decidiu-se o luarzinho.
Resolve aceitar a guerra!
Põe-se, então, a caminho
De nossa querida terra!
- III –
Chagando ao nosso mundo,
O raiozinho de luar,
Procura em mares profundos
Uma sereia para amar.
Voltou, desapontado:
Eram todas orgulhosas!
Foi a um jardim encantado
Para conhecer uma rosa.
Procurou uma por uma,
Fez tudo isso em vão!
Não encontrou nenhuma
Para o seu pobre coração!
Procurou em muitas florestas,
Escalou as grandes serras.
Pouca coisa ainda lhe resta
Para conhecer nesta terra.
Um dia viu a florzinha,
E por ela se apaixonou!
Viu, então a pobrezinha,
Como ela se enganou!
- IV –
Um beijinho aconteceu,
Depois se notou um sorriso.
O mundo então tremeu:
Tornara-se um paraíso!...
As noturnas borboletas
Cochichavam da florzinha,
À coruja toda preta
E a uma alegre fuinha.
A noite caia sorrindo:
A flor se sentia feliz!
O céu estava tão lindo
Como o sonho que eu fiz!
Mas o dia então chegou.
Em orvalho tornou-se o luar.
A florzinha então murchou
De tanta tristeza chorar!...
Esqueça o final triste.
A flor do campo, p’ra mim.
Mais bela no mundo não existe,
Nem aquelas do jardim!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário