Como
vou fazer uma analogia, primeiramente apresentarei alguma noção de física
newtoniana: segundo a primeira lei todos os corpos sofrem uma infinidade de
“forças”, mesmo quando está em “estado de repouso”. Quando uma força maior é
aplicada o corpo se desloca na direção, no sentido e com intensidade
proporcional a força aplicada. Porém este corpo não se desloca indefinidamente
porque existe uma força de resistência, na mesma direção, porém em sentido
contrário: a força de atrito.
Quando
se aplica uma pequena força, o corpo não se desloca enquanto não vencer a
“força de atrito”. Se a força de atrito for muito grande o
corpo ao receber um grande impacto irá se deformar ou tombar.
Esta
mesma analogia pode ser utilizada na política: Existem diversas forças econômicas,
políticas e ideológicas atuando sobre o governo: além do legislativo, ainda
existem os lobistas dos grandes grupos empresariais, os sindicatos patronais e
de trabalhadores, as relações internacionais e muitas outras, que somadas (para
quem conhece matemática, é uma soma vetorial) chega-se a uma resultante. Esta é
a força exercida pela sociedade sobre um governo. Infelizmente a maior parte da
força é exercida pelas classes dominantes, ou seja, pelo poder econômico. O
governante tem o poder de resistir a estas forças até determinado ponto, sob
pena de cair ou ser literalmente destruído.
Enquanto
o ex-presidente do PT e ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva insistia em
se candidatar à presidência sob a bandeira trade unionista e do socialismo
democrático, jamais chegou a ser eleito apesar de todo o carisma que inspirava.
Porém quando ele aceitou se aliar com setores da burguesia nacional, conseguiu
quebrar a hegemonia das forças ligadas ao capital internacional, e se elegeu
sob o lema: “Lulinha paz e amor” (conciliando o inconciliável)
Eu
nunca fui petista. Talvez por isso, eu tenho uma avaliação positiva sobre os
governos Lula e Dilma. O Brasil faz parte hoje de um mundo globalizado que está
sob a hegemonia de uma sólida (até quando?) oligarquia financeira internacional.
Mas Lula e Dilma souberam usar suas “forças de atrito”, atuando nesta ou
naquela área. Muitas vezes de forma um pouco clientelista, mas que ajuda a
mover o mercado interno. Outras vezes mudando os paradigmas de sua política
externa, aumentando o comércio com a Ásia, África e, sobretudo, com a América
Latina. Durante as gestões destes presidentes, muita falcatrua, antes submersa,
veio à tona. Nunca tantos políticos perderam seus mandatos por improbidade.
Se eu for resumir diria que Lula fez
e Dilma faz um governo liberal, a aliança compulsória com o PMDB os obriga a
tomarem este rumo. Porém eles, como pessoas físicas têm ideologias mais ou
menos socialistas, e tentam, na medida do possível, investir na área social. Ou
seja: exercem uma força de atrito da direita para a esquerda. Neste caso quando
partidos como PSOL, PCB, PSTU, PCO e etc. fazem forte oposição ao governo, e se
negam participar da base aliada, estão exercendo uma força da esquerda para
direita, dificultando a pouca área de manobra que o governo para investir mais
em saúde, educação, segurança, empregos e tantas outras coisas que
beneficiariam as camadas menos favorecidas da população.
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