quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

LULA, DILMA E AS LEIS DE NEWTON

Como vou fazer uma analogia, primeiramente apresentarei alguma noção de física newtoniana: segundo a primeira lei todos os corpos sofrem uma infinidade de “forças”, mesmo quando está em “estado de repouso”. Quando uma força maior é aplicada o corpo se desloca na direção, no sentido e com intensidade proporcional a força aplicada. Porém este corpo não se desloca indefinidamente porque existe uma força de resistência, na mesma direção, porém em sentido contrário: a força de atrito.
Quando se aplica uma pequena força, o corpo não se desloca enquanto não vencer a “força de atrito”. Se a força de atrito for muito grande o corpo ao receber um grande impacto irá se deformar ou tombar.
Esta mesma analogia pode ser utilizada na política: Existem diversas forças econômicas, políticas e ideológicas atuando sobre o governo: além do legislativo, ainda existem os lobistas dos grandes grupos empresariais, os sindicatos patronais e de trabalhadores, as relações internacionais e muitas outras, que somadas (para quem conhece matemática, é uma soma vetorial) chega-se a uma resultante. Esta é a força exercida pela sociedade sobre um governo. Infelizmente a maior parte da força é exercida pelas classes dominantes, ou seja, pelo poder econômico. O governante tem o poder de resistir a estas forças até determinado ponto, sob pena de cair ou ser literalmente destruído.
Enquanto o ex-presidente do PT e ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva insistia em se candidatar à presidência sob a bandeira trade unionista e do socialismo democrático, jamais chegou a ser eleito apesar de todo o carisma que inspirava. Porém quando ele aceitou se aliar com setores da burguesia nacional, conseguiu quebrar a hegemonia das forças ligadas ao capital internacional, e se elegeu sob o lema: “Lulinha paz e amor” (conciliando o inconciliável)
Eu nunca fui petista. Talvez por isso, eu tenho uma avaliação positiva sobre os governos Lula e Dilma. O Brasil faz parte hoje de um mundo globalizado que está sob a hegemonia de uma sólida (até quando?) oligarquia financeira internacional. Mas Lula e Dilma souberam usar suas “forças de atrito”, atuando nesta ou naquela área. Muitas vezes de forma um pouco clientelista, mas que ajuda a mover o mercado interno. Outras vezes mudando os paradigmas de sua política externa, aumentando o comércio com a Ásia, África e, sobretudo, com a América Latina. Durante as gestões destes presidentes, muita falcatrua, antes submersa, veio à tona. Nunca tantos políticos perderam seus mandatos por improbidade.
Se eu for resumir diria que Lula fez e Dilma faz um governo liberal, a aliança compulsória com o PMDB os obriga a tomarem este rumo. Porém eles, como pessoas físicas têm ideologias mais ou menos socialistas, e tentam, na medida do possível, investir na área social. Ou seja: exercem uma força de atrito da direita para a esquerda. Neste caso quando partidos como PSOL, PCB, PSTU, PCO e etc. fazem forte oposição ao governo, e se negam participar da base aliada, estão exercendo uma força da esquerda para direita, dificultando a pouca área de manobra que o governo para investir mais em saúde, educação, segurança, empregos e tantas outras coisas que beneficiariam as camadas menos favorecidas da população.

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