Hoje me lembrei do João Massena, o pai. Deputado estadual
pelo Rio de Janeiro, foi cassado pelos militares em sessenta e quatro. Mesmo
durante a ditadura, vez ou outra vinha a minha casa. Era uma pessoa muito bem
humorada que narrava as barbaridades da ditadura militar de forma tão jocosa,
que morríamos de rir. Em setenta e quatro ele desapareceu. Como tantos ativistas
políticos, ele enfrentou as torturas do DOI-CODI até não resistir. Sumiram com
o seu corpo, como fizeram com tantas outras pessoas. João Massena é, até hoje,
um dos desaparecidos.
Em
Moscou, fui colega de universidade de João Massena filho. Bem humorado como o
pai, sempre solícito, disposto a colaborar com todos e com tudo. Desses que não
jogam bola-de-gude, só para não fechar a mão.
Conta o
folclore que uma vez perguntaram para o Massena, “se prendesse um dos
torturadores de seu pai e amarrasse em um poste, e lhe falasse: Faça o que
quiser com ele. O que você faria?”
Massena
olhou para os olhos do interlocutor e falou pausadamente: “Mandaria soltá-lo.
Não teria coragem de fazer nada contra ele!”
Brasileiro
só é revanchista quanto perde para a Seleção Argentina. Depois de quarenta anos
acho que não tem mais sentido em apurar os subterrâneos da ditadura militar, a
não ser para uma melhor compreensão histórica daquele período.
2 comentários:
Mano, Justamente para compartilhar a verdade que ela deve ser apurada. Não pra nos colocarmos no lugar dos que torturaram. E sim pra que nossos filhos não passem mais por isso.
Exatamente. Eu tenho lido opiniões das mais diversas na mídia: Uns não querem que remexam o passado outros querem abrir processos criminais contra os torturadores. Estou ratificando a proposta vigente: apenas apurar a verdade.
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