Quando eu era extensionista no Estado de Goiás, conheci um
Engenheiro Agrônomo, gaúcho, casado com uma mulher linda, ciumenta e braba. Ele
chegou em Goiás, arrendou uma terra, pediu um financiamento no Banco do Brasil,
adquiriu trator implementos, calcariou a área, plantou arroz milho e soja.
Comprou um terreno na cidade e construiu uma casa. Passado alguns anos a coisa
começou a dar para trás. Ficou devendo o Banco do Brasil. Furtaram-lhe o seu trator,
sua única garantia. Vendeu tudo e voltou para a terra natal. Sendo ele agrônomo
como eu, gostava de ir ao meu escritório conversar assuntos de nossa profissão.
Muitas vezes ele me ajudou a decifrar enigmas que a interação entre a lavoura e
a natureza costuma nos colocar. Nunca duvidei de sua capacidade profissional.
Ele era um bom agrônomo, mas como agricultor acabou falido. Por quê? Coisas da
vida.
Se você pedir a qualquer profissional da área de humanas
para nomear os dez maiores teóricos ligados ao estudo da sociedade brasileira,
Fernando Henrique Cardoso será uma unanimidade. Quando se milita na área social
não há muito por onde fugir, existem duas grandes tendências: ou se é
socialista ou é liberal. Uma terceira tendência é abraçar o marxismo. A linha
sociológica de FHC era nitidamente socialista. Como presidente da República,
Fernando Henrique Cardoso, surpreendeu a todos governando de forma assumidamente
liberal. Daí sua famosa resposta a um jornalista: “Esqueçam o que eu escrevi!”
Porque FHC tornou-se liberal? Coisas da política.
Recentemente recebi uma postagem no Facebook sobre a
Presidenta Dilma Rousseff. Dizia que ela possuía uma pequena loja, que fechou
por problemas financeiros. “Como alguém pode administrar um país se não
conseguiu administrar uma simples loja?”
Alguém que no seu ramo tem a mesma titularidade que FHC
confunde “administrar” com “governar”. Pensa que governar é para “empreendedores”,
pois o país funciona como uma “grande empresa”. Isto é um preconceito contra os
trabalhadores. “Trabalhador não sabe administrar, portanto não sabe governar!”
É uma visão tão burguesa, que nem um burguês pensa assim!
Outra postagem mostra as “gafes” da Dilma em seus discursos.
Como os presidentes costumam discursar muito, é relativamente freqüente as
gafes. Uns mais outros menos. Mais isto não é uma questão de competência. Até
hoje é lembrado o “Doila a quien doila”, de FHC na Argentina. Isto sem falar do
“fi-lo porque qui-lo” do Jânio Quadros.
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