terça-feira, 6 de novembro de 2007

O ASSASSINATO DE UM GRANDE RIO



Debruço-me sobre a amurada do rio e oro, e choro.
Nossa Senhora, padroeira! O que eu fiz não faz jus a remissão!
Não ouso um pedido de perdão, pois não mereço.
Violentar a Mãe de Jesus seria pecado menor!...

Nossa Senhora, mãe de Jesus. Aquela de Aparecida.
Deu-nos o peixe. O milagre da multiplicação dos peixes...
Algo que aprendeu com o filho, provavelmente.
E o Paraíba se povoou de peixes, grandes e pequenos.

Posso atravessar o rio, como o filho de Maria o fez.
Porém caminho sobre areia, como em um deserto.
O Paraíba agoniza. Hiberna como rio temporário.
Qual seu homônimo que batizou terras nordestinas.

Como pedir piedade? Eu não posso, não mereço!
Nossa Senhora matou minha fome, milagrosamente.
Acabei com os peixes que ela me deu, envenenando-os.
Agora matei o próprio rio. Não posso ser perdoado!

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