Imagine uma doença provocada por um vírus, que, semelhante a dengue, fosse transmitida através da picada de um pequeno inseto e, como a AIDS, fosse incurável e suas vítimas, com o passar do tempo, definhasse até a morte. Este é um problema real enfrentado numa região que vai do Sul da Bahia ao Norte do Espírito Santo e que vem preocupando cientistas e autoridades de todo o país.
Não se preocupe! Seu filho não vai pegar esta doença. Nem você. Nem mesmo seu cachorro. Dê uma olhada para seu quintal: já reparou que aquele pezinho de mamão não produz, está raquítico, com folhas deformadas e amarelas. Ele pode estar com mosaico, virose transmitida pela picada de um pulgão.
O mamão ou papaia é bastante freqüente nos quintais brasileiros e no mundo tropical, onde haja um metro quadrado livre de terreno ou numa fresta de um muro, muito provavelmente, o mamoeiro estará imperando com a sua pujança natural e altaneira. Ocorre de ponta a ponta do Brasil, agrada ao pobre e ao rico; na cidade e no campo. É consumido no doce, no sorvete, no suco e ao natural.
No ponto de vista comercial, o Brasil é o maior produtor de mamão do mundo, em 2001 registrou uma produção acima de 1,6 milhões de toneladas, situando-se entre os principais países exportadores, principalmente para o mercado europeu e americano.
Hoje em dia está cada vez mais difícil produzir mamão no fundo do quintal por causa do mosaico. Mesmo em lavouras comerciais não tem sido fácil conviver com a doença, pois não existe variedade resistente, nem mesmo tolerante. É impossível o combate aos pulgões pela forma com que eles atacam o mamoeiro: o pulgão sente-se atraído pelo aroma do mamoeiro e pica-o. Não gostando do sabor, voa e vai picar outro mamoeiro, atacando dezenas de plantas em pouco tempo, não dando oportunidade a qualquer forma de combate, mesmo com inseticidas.
Não existe planta que tenha a capacidade de não pegar a doença. Por mais que os cientistas tentem ainda não se conseguiu desenvolver plantas resistentes. Aliás a Embrapa fez um mamoeiro transgênico que não pega a doença, mas com tanta polêmica, ninguém ainda se prontificou a planta-lo comercialmente. Quer experimentar?
A maneira mais eficiente para impedir é, ao primeiro sinal de contaminação, cortar a planta, mesmo que ela esteja carregada de frutos. O mosaico do mamoeiro já existe há décadas, e sempre preocupou produtores de mamão, agrônomos e autoridades aqui no Brasil, porém nunca ouvi falar que o mamoeiro “esta com seus dias contados” ou está prestes a “entrar em extinção”.
Bom! Agora pegue seu facão e corte seu mamoeiro doente no fundo do seu quintal. É de “estimação”, eu sei, mas...
Extraído e adaptado de “O Debate – Diário de Macaé”:
Carlos David Ide.
Luiz Aurélio Peres Martelleto
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