Depois
da queda e desmembramento da União Soviética o mundo que era bipolar tornou-se
hegemônico. O mundo passou a ser dominado por uma oligarquia financeira global,
não posso dizer internacional, mas sim cosmopolita. Pois era liderado pelo
capital norte-americano, porém, com vários centros de irradiações, o mundo
tornou-se "globalizado" (nunca internacionalizado!). Esta oligarquia
americana e européia com o Japão incluído concluíram que os estados (países)
estavam bloqueando seus interesses, daí surgiu a idéia do neoliberalismo. A
convivência entre os estados e a globalização até que era saudável, pois
interagiam através de uma correlação dialética compatível com nível social e
tecnológico atual. Porém o neoliberalismo mimava a pouca resistência que os
países pobres exerciam sobre o poder de dominação das nações mais ricas.
A única voz destoante ao
neoliberalismo era a China, onde imperava um capitalismo monopolista de estado
de cunho nacionalista. Este país, embora tenha se aberto aos investimentos
estrangeiros, ainda preservou o socialismo como formação socioeconômica
predominante. A china crescia anualmente próximo aos dois dígitos, e logo se
tornou a segunda economia do mundo, porém estava muito longe de se contrapor a
hegemonia norte-americana.
Foi então que chegou 2008. Inicia-se
a maior crise do sistema capitalista desde 1929. Chegamos a 2014 e a crise está
por aí, causando suas feridas. Europa estagnada, com alto índice de desemprego,
americanos vendo suas poupanças se diluindo, pessoas perdendo bens para os
bancos. Aumento de doenças tropicais entre a população mais pobre.
A China vê nesta crise uma
oportunidade de aglutinar em torno de si países de desenvolvimento médio, com
grande população com influência política e econômica sobre os países vizinhos,
pouco desenvolvidos. Assim formou-se os BRICS. Para o Brasil ser importante nos
BRICS é fundamental que o MERCOSUL e a UNASUL funcionem.
Uma parte da oligarquia financeira
internacional aposta nos BRICS, pois temendo que é cada vez mais plausível um
total colapso financeiro mundial, sem volta, os BRICS poderiam significar uma
sobrevida para o capitalismo mundial. Outra parte aplica seu capital onde é
mais seguro e rentável. Portanto a formação dos BRICS não é uma ação que se
limita a iniciativa de cinco países, é muito mais que isso!
Entender o processo descrito acima é
fundamental para qualquer um que queira se nortear sobre a política atual no
Brasil. Fundamentalmente para aqueles que se julgam intelectuais e formadores
de opinião.
Os brasileiros devem escolher nas
próximas eleições entre duas opções: a primeira é continuar sendo o cão de
guarda da América Latina. Um país com nível médio de desenvolvimento, com
influência regional, com grandes problemas sociais como alto índice GINI na
distribuição de renda, com IDH alto, porém bem abaixo de muitos países da
América Latina como Cuba e Uruguai. Problemas com educação, saúde, com
desenvolvimento tecnológico altamente dependente. Vivendo da exportação de
commodities, etc.
A segunda opção é tornar-se uma
potência regional, influenciando os países visinhos se impondo de forma menos
agressiva que os EUA e Europa. Desta forma trazendo-os para nossa área de
influência. Então é imperialismo? É!... Afinal vivemos em um mundo burguês,
capitalista. Para alcançarmos esta posição precisamos de uma política externa e
outra interna. Como política externa temos que fortalecer os BRICS, o MERCOSUL
e a UNASUL, tentando atrair os países membros deste último para o MERCUSUL.
Os países dos BRICS, se quiserem
obter sucesso na empreitada de se tornar um contraponto para hegemonia Norte
Americana, levando o mundo novamente a bipolarização (desta vez sem guerra
fria! Espero!) deverão trabalhar de forma solidária, em regime de cooperação
mútua. Portanto a China jamais vai querer dominar o Brasil, nem interferir na
política interna. O mesmo deve fazer o Brasil com a Rússia. Porém jamais deve tomar
partido contra a Rússia no caso com a Ucrânia, por exemplo, aceitando impor
algum tipo de embargo. São países muito heterogêneos, eu concordo. Mas a
necessidade faz o sapo pular. Mas o Brasil vai, forçosamente, ter que passar
por algumas transformações. Melhorar a educação, erradicando inclusive o
analfabetismo, assim como elevar o nível de escolaridade da população. Terá que
formar um grande numero de técnicos e profissionais de nível superior, para que
possa desenvolver tecnologia própria para os mais diversos setores do
conhecimento humano. Haverá exigência quanto a melhoria da qualidade da saúde,
tanto curativa, quanto preventiva. Para isto será necessário melhores
habitações, saneamento básico e etc. Ou seja, se quisermos optar por um
desenvolvimento independente aproveitando-se dos BRICS, teremos que aumentar
nosso IDH. Um país grande como o nosso terá que investir muito em logística,
portos eficientes, aeroportos modernos, mais estradas de rodagem e de ferro,
ligando os pontos de produção aos locais de consumo. O consumo interno em todos
os países dos BRICS provavelmente vai aumentar para compensar de forma
estratégica o crescimento da produção, compensando eventuais crises nas
exportações.
Viver, politicamente, como vivemos
hoje será, a médio prazo impossível. Portanto deverá haver uma profunda reforma
política que levará a uma queda no nível de corrupção nos órgãos
governamentais. Uma nova e moderna lei da mídia deverá ser aprovada, pois a
atual é da década de sessenta. Não só a Argentina, nas países como a Inglaterra
aprovaram recentemente uma nova lei, sob os berros dos grandes jornais e rede
de TV.
O leitor tem duas opções. A primeira
é não permitir que os BRICS se organizem e permitir que continuemos sob
hegemonia norte-americana. Apesar do nome "Partido da Social Democracia
Brasileira", a vanguarda do neoliberalismo está no PSDB. Teremos a
política do "estado mínimo", onde o Estado não deve se meter em
assuntos econômicos. O Banco Central deve ser independente e gerido apenas por
empresários. Qualquer tipo de empresa estatal deve ser privatizada, mesmo a
Petrobrás. Não deverá haver nenhuma barreira alfandegária, como cobrança de
altos impostos de importação para proteger a economia local, ou subsídios para
exportação. Vamos voltar, em alguns aspectos, a época de Fernando Henrique.
Pouco investimento em educação, saúde, ciência (importaremos tecnologia, pois é
mais barato), moradia. Isto porque não é interessante qualquer tipo de proteção
a economia de uma país ou sua população. Se é mais barato comprar no exterior,
porque pagar mais caro desenvolvendo tecnologia? "Se pagarmos pouco pela
não de obra podemos fabricar aqui! Se está cara, vamos fabricar lá fora!"
Já a outra opção não é
necessariamente sempre neoliberal, já que o objetivo é o desenvolvimento de
países ditos emergentes, onde ainda é possível aumentar o consumo pela inclusão
social. Isto causa a melhoria de vida da população, principalmente a mais
pobre.
Tudo começou quando Lula resolveu,
depois de perder várias eleições, buscar apoio junto à burguesia nacional para
se eleger em 2002. Estes empresários queriam investir no Brasil (sem prejuízo
de suas aplicações e investimento no exterior, é claro) contrapondo a política
neoliberal do FHC. Lula fez uma política de inclusão social e diversificou o
mercado, de modo que hoje o nosso maior parceiro deixou de ser os EUA e passou
a ser a China. A Rússia, que sofreu com a queda da URSS, também se apoiou na
China, criando as bases para os BRICS, com a inclusão da Índia e da África do
Sul. Para este processo o partido mais confiável é o PT, que como todo partido
social democrata (o PSDB, apesar do nome, é liberal) é nacionalista e que
defende os interesses da burguesia nacional. O PMDB não tem uma ideologia,
portanto não pode estar na vanguarda do processo.
O PSB que era um partido pequeno,
que estava crescendo, tentou tomar um caminho independente pois se achava
ofuscado pelo PT. Perdeu muitas lideranças favorável ao atual governo. Hoje é
apenas uma opção para apoiar o PSDB no segundo turno.
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